Você já se sentiu em uma montanha-russa de emoções, onde em um momento a euforia é imensa e, no outro, a tristeza parece não ter fim? Para muitas mulheres, essas oscilações intensas podem ser um sinal do transtorno bipolar, uma condição de saúde mental que, embora afete homens e mulheres, possui particularidades importantes no universo feminino.
Vamos conversar um pouco sobre isso? A ideia aqui não é dar um diagnóstico, mas sim iluminar o caminho, trazendo informação de qualidade e, acima de tudo, acolhimento.
De forma simples, o transtorno bipolar é caracterizado por mudanças extremas de humor, que alternam entre dois polos: a mania (ou hipomania) e a depressão.
Episódios de Mania/Hipomania: É aquela fase de "pico". A mulher pode se sentir cheia de energia, eufórica, mais falante que o normal, com a mente a mil por hora e uma necessidade reduzida de sono. Pode haver um aumento da impulsividade, como fazer compras por impulso ou se envolver em comportamentos de risco. A hipomania é uma versão mais branda, com sintomas semelhantes, mas que não chegam a causar grandes prejuízos no dia a dia.
Episódios Depressivos: É o polo oposto. Caracteriza-se por uma tristeza profunda, perda de interesse e prazer nas atividades, falta de energia, alterações no sono e no apetite, sentimentos de inutilidade e, em casos mais graves, pensamentos sobre morte.
Embora a base seja a mesma, o corpo e a mente da mulher possuem um funcionamento único, e isso se reflete na manifestação do transtorno bipolar.
Início mais tardio: É comum que os primeiros sinais apareçam um pouco mais tarde nas mulheres, geralmente entre os 20 e 30 anos.
Mais episódios depressivos: As mulheres com transtorno bipolar tendem a vivenciar mais episódios depressivos do que maníacos ao longo da vida. Isso, muitas vezes, leva a um diagnóstico equivocado de depressão unipolar, atrasando o tratamento correto.
Ciclos rápidos: A "ciclagem rápida", que é a ocorrência de quatro ou mais episódios de humor em um ano, é mais comum no público feminino.
A influência hormonal: As flutuações hormonais naturais do ciclo menstrual, da gravidez e da menopausa podem intensificar os sintomas e até mesmo desencadear novos episódios. Não é raro que os sintomas piorem no período pré-menstrual, por exemplo.
Comorbidades: Mulheres com transtorno bipolar têm uma maior probabilidade de apresentar outras condições associadas, como transtornos de ansiedade, transtornos alimentares .
Receber o diagnóstico pode ser assustador, mas é o primeiro e mais importante passo para retomar o controle da sua vida. É a chave para entender o que está acontecendo e encontrar as ferramentas certas para lidar com a condição.
O tratamento geralmente envolve uma combinação de medicamentos (prescritos por um psiquiatra) e psicoterapia. E é aqui que a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) se mostra uma aliada poderosa.
Na TCC, vamos trabalhar juntas para:
Entender a doença: Aprender sobre o transtorno, seus gatilhos e seus sinais de alerta (o que chamamos de psicoeducação).
Identificar padrões: Reconhecer os pensamentos e comportamentos disfuncionais que contribuem para as crises.
Desenvolver estratégias: Criar um repertório de habilidades práticas para gerenciar o estresse, regular as emoções e resolver problemas do dia a dia.
Manter a rotina: A TCC ajuda a estruturar uma rotina saudável de sono, alimentação e atividades, que é fundamental para a estabilidade do humor.
Viver com transtorno bipolar é um desafio, mas está longe de ser uma sentença. Com o diagnóstico correto e o tratamento adequado, é totalmente possível ter uma vida plena, produtiva e feliz.
Se você se identificou com o que leu, não hesite em procurar ajuda. Você não está sozinha nessa jornada. Dar o primeiro passo é um ato de coragem e um grande gesto de amor por si mesma.
Vamos caminhar juntas?